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Diagnóstico e Tratamento Adequado para a Família: Como Chegar Lá

Em abril de 2019, a Sociedade Brasileira de Pediatria lançou um Manual de Orientação contendo diretrizes fundamentais sobre a definição, prevalência e diagnóstico do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Esse manual enfatiza a importância da intervenção precoce, intensiva e baseada em evidências para crianças diagnosticadas com TEA.



Da mesma forma, a Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil destaca que as terapias mais respaldadas atualmente são aquelas fundamentadas na ciência da Análise do Comportamento Aplicada (ABA), deixando claro que tais intervenções visam potencializar o desenvolvimento dos pacientes.


Os profissionais médicos dispõem de instrumentos de diagnóstico, que vão desde observações clínicas até relatos dos pais, familiares e escalas específicas, como o MCHAT-R e o CARS, para verificar a presença de atrasos no desenvolvimento. Essas escalas seguem parâmetros alinhados com os Marcos do Desenvolvimento Infantil. O médico responsável pela criança avaliará quais são os déficits, conforme o esperado em cada fase do desenvolvimento.


É comum ouvir em consultórios a frase "vamos aguardar o tempo da criança", mesmo diante de sinais evidentes de atraso. No entanto, essa postura pode impactar negativamente na identificação precoce de intervenções benéficas para a criança.


É crucial destacar que um diagnóstico realizado por uma equipe multidisciplinar experiente oferece uma avaliação abrangente do paciente, permitindo um planejamento terapêutico individualizado que aborde suas dificuldades em diferentes áreas, trabalhando suas barreiras comportamentais e otimizando suas habilidades.


Por que optar pela ABA?


Desde a década de 60, diversos pesquisadores contribuíram para consolidar a ABA como uma ciência eficaz no tratamento do autismo, considerando sua complexidade comportamental, familiar e escolar. Entre esses pesquisadores, destaca-se Ivar Lovaas, reconhecido por suas contribuições na aplicação das metodologias da ABA em alunos com necessidades escolares. Seu estudo ressaltou o impacto social das intervenções baseadas na ABA, evidenciando que essas intervenções vão além do ambiente terapêutico, sendo aplicadas nos diversos contextos de convívio do paciente.


Lovaas (1987) conduziu uma série de estudos, sendo um dos mais citados aquele que relata a evolução de 47% das crianças que receberam intervenções baseadas em ABA de forma precoce e intensiva (40 horas por semana), alcançando um funcionamento típico. Além disso, 40% da amostra do grupo experimental teve seus déficits consideravelmente reduzidos.


Comparativamente, dados do grupo controle (crianças que receberam tratamento baseado na ABA por 10 horas ou menos por semana) mostram que apenas 2% delas alcançaram um funcionamento típico.


O tratamento com práticas e metodologias baseadas na ABA fundamenta-se em uma rigorosa avaliação dos déficits e dificuldades comportamentais e de comunicação do paciente. A partir desses resultados, é elaborado um planejamento personalizado. Cada autista é único, e a amplitude do espectro reforça a necessidade de estratégias personalizadas.


Dentro da ABA, existem modelos de ensino comportamental, podendo ser estruturados ou naturais, como o Modelo Denver, uma intervenção precoce específica. O planejamento terapêutico busca integrar esses modelos para uma abordagem personalizada.


É essencial que as famílias tenham acesso à informação de que a Análise do Comportamento Aplicada, há décadas, tem produzido pesquisas demonstrando eficácia no tratamento do TEA, tanto em barreiras comportamentais quanto em comunicação e linguagem.


Um tratamento é considerado eficaz quando passa por experimentos cuidadosamente controlados, das fases laboratoriais até a aplicação em seres humanos. A ABA segue esse rigor científico em suas abordagens.


A consistência teórica e metodológica da ABA ressalta a importância de práticas respaldadas por evidências científicas. Abordagens ecléticas não são eficazes para crianças com TEA (Foxx, 2003; Howard et al., 2000).


Práticas respaldadas por evidências são cruciais para a população com TEA, dada a alta prevalência desse transtorno. Diante do aumento dos diagnósticos, é importante combater tratamentos pseudocientíficos identificados como prejudiciais.


Tratamentos ineficazes são especialmente prejudiciais para o TEA, pois intervenções precoces e intensivas têm demonstrado modificar o prognóstico e atenuar sintomas.

Um tratamento com evidência científica pode garantir uma melhor qualidade de vida para o autista e sua família, gerando um impacto social inegável.


O movimento em direção a práticas baseadas em evidências científicas é recente no campo médico, buscando combinar conhecimento científico com serviços que efetivamente gerem impacto social. Como profissionais ligados à saúde mental, temos a responsabilidade de defender práticas com resultados comprovados.


O paradigma baseado em evidências postula a utilização prioritária de métodos de intervenção mais eficazes para lidar com os problemas associados ao TEA (Kasari, Smith, 2013).


A Análise do Comportamento Aplicada, como ciência, está sempre em busca do melhor tratamento: individualizado, visando desenvolver habilidades, promover autonomia e inclusão do indivíduo nos diversos ambientes.


O TEA é um transtorno com manifestações variáveis em sua gravidade, persistente e abrangente. No entanto, intervenções precoces têm o poder de modificar seu curso e atenuar seus sintomas, impactando significativamente na qualidade de vida do paciente e de sua família. Almejar esses objetivos requer perseverança, consistência e um comprometimento constante, considerando as diversas variáveis envolvidas.

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